Ex-árbitro Jonas Eriksson denuncia humilhações em testes da Uefa
O ex-árbitro sueco Jonas Eriksson, que atuou sob o escudo da Fifa entre 2002 e 2018, relatou situações de humilhação durante os rígidos controles de desempenho promovidos pela Uefa, em seu livro House of Cards – O jogo sujo atrás do jogo. As revelações foram destacadas pelo jornal inglês The Guardian.
Segundo Eriksson, não bastava ser um bom árbitro; era necessário cumprir padrões físicos rigorosos, como manter peso ideal e porcentagem de gordura corporal adequada, sob risco de ser repreendido, receber menos partidas e até ser excluído de competições importantes.
Ele descreveu uma situação em 2010, durante reunião anual de árbitros em Liubliana, Eslovênia:
“Quando meu grupo de 15 pessoas entrou na grande e fria sala de testes, a diretoria nos mandou ficar apenas de cueca. Olhamos uns para os outros, mas ninguém ousou dizer nada.”
Os árbitros eram chamados dois a dois, subiam na balança, e uma voz anunciava publicamente o nome, nacionalidade e peso de cada um. Eriksson descreveu ter sentido nojo, raiva e humilhação, especialmente sob o olhar do então responsável pela comissão de arbitragem da Uefa, o italiano Pierluigi Collina, considerado um dos árbitros mais respeitados das décadas de 1990 e 2000.
O sueco lamentou que nenhum árbitro tenha reagido na hora, mas explicou que qualquer protesto poderia significar o fim imediato de suas carreiras:
“O erro foi tentar chegar lá por meio de uma pesagem humilhante, em que o mais importante era perder peso e reduzir gordura corporal.”
Eriksson atuou na Copa do Mundo de 2014 e na final da Liga Europa de 2016, mas lembra que, mesmo em níveis de elite, os árbitros eram submetidos a padrões físicos rigorosos e constrangedores, muitas vezes desconectados do desempenho técnico em campo.
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