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Andrey Santos: da incerteza em Londres ao sonho da Copa do Mundo

“Eu chegava em casa achando que não sabia mais jogar futebol.” A frase, forte e sincera, resume o início turbulento de Andrey Santos no Chelsea. Hoje, aos 21 anos, o volante formado no Vasco é peça da seleção brasileira e símbolo de superação. Mas o caminho até esse momento foi repleto de desafios, empréstimos e noites de dúvida.

Chegando à Inglaterra em janeiro de 2023, com apenas 18 anos, Andrey se viu diante de uma rotação e intensidade muito diferentes do que vivia no futebol brasileiro. A adaptação não foi imediata. Emprestado ao Vasco e depois ao Nottingham Forest, mal conseguiu atuar.
— Todo jogador que chega cedo na Europa acaba sofrendo. Para mim, o mais difícil foi a questão de jogo, tudo em alta intensidade. No começo, parecia que eu não sabia jogar bola. Mas depois de dois, três meses, você se adapta. Hoje me sinto pronto.

A virada veio no Strasbourg, da França, onde foi emprestado na temporada 2023/24. Lá, encontrou espaço, ritmo e confiança. Em 39 jogos pelo Campeonato Francês, marcou dez gols e deu três assistências, vivendo, segundo ele, “a melhor temporada da vida”.
— Foi ali que tudo mudou. Me senti acolhido, tive sequência, fiz gols, fui feliz. Foi a primeira temporada completa na Europa e abriu as portas da Seleção.

O desempenho chamou a atenção do Chelsea, que o reintegrou ao elenco em 2025. Participou da campanha do título mundial do clube e, nesta temporada, já soma minutos importantes na Premier League. Mesmo assim, reconhece que o processo exigiu paciência e amadurecimento.
— Não me arrependo de ter saído cedo. Quando chega um clube como o Chelsea, você não pode dizer não. Eu sabia que seria doloroso, mas era o certo. Hoje estou feliz e preparado.

No âmbito pessoal, a adaptação também foi intensa. Casado com Yngryd e pai do pequeno Anthony, de seis meses, Andrey montou uma estrutura fora de campo para manter a forma física e mental: fisioterapeuta, nutricionista, chef de cozinha e suporte do próprio Chelsea.
— Aqui na Europa, só o talento não basta. Cada detalhe faz diferença. Foi assim que cresci fisicamente e mentalmente.

Convocado por Carlo Ancelotti, o volante disputa espaço em uma Seleção em reconstrução, com a Copa do Mundo de 2026 no horizonte. Para ele, vestir a camisa do Brasil é a realização de um sonho antigo.
— Sempre tive uma trajetória bonita na Seleção. Estar na principal é um sonho realizado. Agora o foco é no Chelsea, porque sei que a Copa é meu maior objetivo.

Apesar da vida nova em Londres, Andrey guarda no coração as raízes em Vila Aliança, comunidade de Bangu, no Rio de Janeiro. Lembra das dificuldades financeiras, das vezes em que não pôde treinar por conta de tiroteios ou falta de dinheiro para a passagem, e do papel fundamental da família e do Vasco na sua formação.
— Meus pais abriram mão de tudo para que eu pudesse viver meu sonho. Sou muito grato a eles e ao Vasco. Um dia quero voltar, mas agora o objetivo é construir a vida do meu filho aqui.

Entre tropeços e vitórias, Andrey Santos mostra que o talento pode até abrir portas, mas é a resiliência que sustenta o caminho. E o dele, apesar de já ter tantas histórias, ainda está só começando.

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